terça-feira, 13 de maio de 2008

Amo a emoção que corrige a regra!

Não gosto dos domingos, nem das pessoas que acordam cedo.Não gosto dos convencidos, dos eleitos que flutuam no vácuo da glória, liquidando literalmente e sem resgate, a hipótese de outros se sagrarem por oposição, como princípio activo.Gosto da apatia geral de um sábado, da éfémera glória que se goza no estio das esplanadas.Gosto de saber que a juventude ainda me permite fazer coisas e que essas coisas, serão sonhos, como os braços podem ser asas.Gosto de andar sozinho e ter o prazer de me sentar e pegar num livro para ler.Gosto de estar sozinho na rua, ainda que rodeado de gente. Longe da vulgaridade entediante do trabalho. Observando os repetidos gestos de maquilhagem e lifting.Não gosto de pensar como alguém que conheço, que todos nós somos soldados, uns disparando bala outros disparando verso.Não gosto de mim quando acordo sem música, ou quando me faço passar por génio.Gosto de estar vivo, principalmente quando tenho a noção de que tudo isto é uma passagem para o outro lado do espelho.Gosto de ti porque és irmã gémea da poesia. O semelhante só pelo semelhante pode ser conhecido, e para mim falar de amor, só é possível pela poesia.Gosto de descobrir coisas e lugares, intuir os mistérios, suportar as agruras e os vícios, porque a vida não chega.Gosto da música, da curva rítmica do seu verso, do que fica depois da sua intemporal leitura. Gosto do indizível, do mar e do sentido de infinito que a tua boca me transmite, sem que te dês conta.

Descrição de uma mulher

És um momento ùnico para o meu olhar, despertas em mim sensações que ultrapassam as da mera volúpia... Os teus olhos... não sei se espelham a tua alma, sei que me revejo neles, que me perco completamente nas profundezas de um mero relance do teu olhar... Um cabelo lindo, ondulado, com a rebeldia das ondas que os marinheiros portugueses enfrentaram para nos tornarem maiores que o destino... Face perfeita, à medida dos meus sonhos, boca que pede, mais que ser beijada, para tornar cada beijo numa carícia ùnica! Pelo teu pescoço escorreito, sedoso, percorro o caminho da tentação, nas tuas costas já senti o quão àspera pode ser a seda! Nos teus peitos já não sinto, reajo apenas, suaves cumes da montanha mais difícil... Pernas que amparam não um corpo, antes o fazem ondular suavemente ao capricho de um qualquer ritmo que só tu ouves, que pernas... Mas o melhor é que essa mulher és tu!